O cinema nacional revisita traumas políticos com estreias impactantes no streaming e na crítica
O cenário audiovisual brasileiro vive um momento de forte retrospectiva histórica, trazendo à tona episódios marcantes de tensão política e social do país. Recentemente, o catálogo do Star+ foi reforçado com a chegada de O Sequestro do Voo 375, uma produção baseada em fatos reais que recria um dos momentos mais dramáticos da aviação nacional e da história política recente. Sob a direção de Marcus Baldini, o longa-metragem revisita o episódio em que um cidadão, inconformado com a crise econômica, tentou jogar uma aeronave comercial sobre o Palácio do Planalto com o objetivo de assassinar o então presidente José Sarney.
Pânico nos ares e heroísmo na cabine
A trama centraliza-se na figura de Nonato, interpretado por Jorge Paz, um homem que se rebela contra as dificuldades enfrentadas pelo país e decide orquestrar o sequestro. No entanto, o destaque heroico recai sobre o piloto Fernando Murilo, vivido por Danilo Grangheia. Em um momento de absoluto desespero para salvar a vida dos passageiros e conter o sequestrador, o comandante executa um tonneau — um giro completo da aeronave em seu próprio eixo longitudinal. A manobra é retratada com a tensão que o momento exige, lembrando que tal feito é tecnicamente considerado impossível para um avião daquele porte sem causar danos estruturais catastróficos, como partir a fuselagem ao meio.
O elenco, que conta ainda com nomes como Roberta Gualda, Gabriel Godoy, César Mello e Juliana Alves, ajuda a compor o clima de suspense que agora está acessível exclusivamente para os assinantes da plataforma de streaming. É uma obra que não apenas entretém, mas serve como documento de uma era de instabilidade.
A atmosfera opressiva de 1977 e a vigilância constante
Enquanto o streaming foca nos anos 80, a crítica internacional volta os olhos para The Secret Agent, o novo trabalho de Kleber Mendonça Filho. O filme é descrito como um épico rico e instigante ambientado em 1977, durante o auge da ditadura militar. A narrativa acompanha Armando, um cientista interpretado por Wagner Moura, que se vê perplexo ao descobrir que é alvo de assassinos de aluguel. A obra mergulha em um Brasil de corrupção, intriga política e crimes corporativos, onde até uma perna decepada compõe o cenário de absurdo e violência.
O roteiro constrói uma narrativa sóbria sobre um momento de loucura institucional. Há uma metalinguagem refinada que conecta a trama ao cinema: o sogro de Armando, Alexandre (Carlos Francisco), trabalha como projecionista em um cinema decadente no Recife. O filme Tubarão, lançado nos Estados Unidos dois anos antes, ainda está em cartaz na cidade, servindo como uma metáfora visual recorrente. A presença do predador nas telas sugere que, fora delas, as normas sociais estão suspensas e os “tubarões” dominam o cenário político.
Essa analogia se torna ainda mais pungente em um diálogo envolvendo o filho de Armando, vivido por Enzo Nunes. O garoto, ansioso para assistir ao clássico de Spielberg, é impedido sob a justificativa de que teria pesadelos. A resposta da criança, “eu já tenho pesadelos, vovô”, ressoa com o peso de uma geração que cresce órfã — a mãe do menino já faleceu — e cercada pelo medo real, muito mais aterrorizante que qualquer ficção projetada na tela. Ambas as produções, cada uma à sua maneira, expõem as cicatrizes de um Brasil que, volta e meia, precisa olhar para trás para entender o presente.
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