Ibovespa encerra em queda com pressão das commodities, enquanto Azul decola após acordo bilionário
Nesta terça-feira, o índice Ibovespa recuou 0,38%, fechando aos 131.511,73 pontos, com uma perda de 506,11 pontos. A jornada foi marcada por eventos de grande relevância para o cenário econômico brasileiro, incluindo a sabatina no Senado do indicado para a presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo, que foi aprovado. Apesar disso, o desempenho negativo do índice foi mais influenciado pelo contexto externo, que impactou também o dólar comercial, que subiu 0,86%, encerrando a R$ 5,53. Os juros futuros (DIs) tiveram uma variação mista.
Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Lula, compareceu confiante à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, consciente do apoio já consolidado entre os 26 membros da Comissão. Durante a sabatina, a atenção voltou-se para o posicionamento de Lula em relação à alta taxa Selic, com questionamentos sobre a possível influência presidencial sobre Galípolo. Em resposta, o indicado foi firme ao afirmar que “jamais” sofreu pressão em relação ao seu posicionamento sobre os juros.
Enquanto isso, o presidente Lula, durante um evento com empresários, reforçou a necessidade de redução da Selic, afirmando estar otimista com o desempenho da economia: “estou muito feliz porque a economia está razoável, a taxa de juros ainda é a mais alta, mas ela haverá de ceder, nós temos a inflação controlada”. Entretanto, Galípolo demonstrou cautela, enfatizando sua preocupação com a possível “desancoragem” das expectativas econômicas.
O mercado internacional também impactou o desempenho das commodities, particularmente com a realização de lucros por parte dos investidores em relação ao minério de ferro, motivada pela falta de medidas de estímulo mais vigorosas por parte da China, o que gerou uma onda de desvalorização nos ativos. O petróleo seguiu a mesma tendência, recuando em meio à decepção com o cenário chinês e o contexto ainda volátil no Oriente Médio.
Esse cenário resultou em queda para as ações da Petrobras (PETR4), que recuaram 2,01%, mesmo após a companhia reportar uma produção recorde de gasolina no terceiro trimestre de 2024. As empresas menores do setor também sofreram: PRIO (PRIO3) caiu 3,12%, afetada por dados fracos em setembro; Petrorecôncavo (RECV3) perdeu 2,05%; e Brava (BRAV3) recuou 2,61%.
Além do setor de petróleo, o minério de ferro também foi penalizado pela postura da China, afetando ações de empresas brasileiras. A Vale (VALE3) fechou em baixa de 3,03%, enquanto CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) tiveram quedas expressivas de 4,70% e 4,14%, respectivamente.
O desempenho dos bancos ajudou a suavizar a queda do Ibovespa. Apesar de Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) recuarem levemente, com quedas de 0,04% e 0,10%, Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) conseguiram leve valorização, fechando com alta de 0,13% e 0,60%, respectivamente.
Outro destaque do dia foi a Azul (AZUL4), que disparou 7,48% após anunciar um acordo de R$ 3 bilhões com arrendadores, o que impulsionou suas ações e sustentou parte do índice. A aérea, que chegou a atingir alta de mais de 20% no início do pregão, agora planeja levantar mais recursos, buscando maior estabilidade financeira e novas oportunidades de crescimento no mercado.
Assim, enquanto o Ibovespa sofreu com a pressão internacional das commodities, o setor aéreo trouxe alívio ao índice, impulsionado pela expressiva valorização da Azul.